Entre 2008 e 2009, o mundo presenciou um dos fenômenos que mais influenciou os rumos da economia mundial no fim dos anos 2000 e que mais vai influenciar as decisões estratégicas de empresas, bancos e governos nos anos 10: a Crise Financeira Mundial.
Começada nos Estados Unidos e depois alastrada na Europa e em grande parte do mundo, a crise financeira teve origem no excesso de crédito fácil cedido aos consumidores americanos entre 2001 e 2004, principalmente no mercado imobiliário. Com grande oferta, facilidade de crédito e uma taxa de juros baixa, o cenário parecia o ideal para contrair dívidas a longo prazo, pois é, parece que esses consumidores não se planejaram tanto assim e o longo prazo chegou mais avassalador do que todos imaginaram.
Em 2005, o governo aumentou a taxa de juros no país para conter o alto consumo e tentar evitar a inflação, iniciando um efeito dominó gigantesco no país, atingindo, primeiramente, as famílias de baixa renda que haviam contraído dívidas e depois todo o país ao longo de três anos.
Com a alta dos preços provocada pelo aumento da taxa de juros, empresas e consumidores começaram a conter gastos. A indústria começou uma onda de desemprego. Sem um salário, os desempregados passaram a consumir menos e a não cumprir com a promessa de pagamento das dívidas contraídas entre 2001 e 2004.
Com a baixa do consumo, mais indústrias começaram a produzir menos, demitindo mais mão-de-obra. As prestadoras de serviço, sem ter a quem prestar serviços, seguiram o mesmo caminho e a situação interna parecia insustentável.
O cenário se agravou ainda mais quando as indústrias americanas, com menos necessidades de consumo, passaram a importar cada vez menos mercadorias, levando a crise, até então apenas americana, a todos os países do mundo.
O comércio internacional volta aos patamares antes da crise?
A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece (GRAMSCI, 1949).
Com todo o estrago provocado pela crise mundial de 2008, não são poucos os mais pessimistas quanto o cenário internacional. A mídia como um todo especulou muito sobre o futuro das relações internacionais mercadológicas entre Estados Unidos, Europa e os demais países afetados pela crise.
Muitos davam como certo um recesso mundial, mas os indícios que vem se notando depois de quase três anos do início da crise, é que o comércio internacional deve se reestruturar, mas diferente de antes, mais cauteloso e com uma visão mais global das finanças dos países a que a ele se relacionam.
O comércio voltar aos mesmos patamares do que era antes é não só uma manobra mercadológica, mas uma necessidade para muitas nações. Países como o Japão, que precisa da matéria-prima de terceiros para poder manter sua produção industrial, e países como a China, que exporta números absurdos de produção, precisam que o fluxo econômico internacional recupere seu antigo patamar para que sua economia volte a se estabilizar.
Assim, o Estado de todos os países, principalmente o governo americano, deve guiar consumidores e indústrias para que o mercado recupere seu fôlego, mas deve se atentar para as facilidades que bancos e outras instituições financeiras dão para o crédito aos consumidores, pois essa já se mostrou um sintoma de armadilha de nível mundial.
Essa intervenção estatal, tanto criticada por neo-clássicos, não pode ser considerada como a solução para todos os problemas da economia mundial, mas sua atuação no momento se faz severamente necessária. Apesar de termos exemplos clássicos onde o Estado não cumpriu muito bem sua função reguladora da economia, como na antiga União Soviética (ROTHSCHILD, 1986), podemos observar, historicamente, que o mercado por si só não consegue se regular (GÓIS, 1999), seja observando o sistema liberal próxima da crise de 1929, seja observando o neoliberalismo dos EUA antes da crise financeira de 2008.
Visto isto, a visão Keyenesiana do papel fundamental do Estado na economia (KEYNES, 1936) é extremamente válida, mas deve-se atentar para quem são os homens que realizam tal intervenção, para que as escolhas tomadas por tais homens de Estado não prejudique mais a nação do que se esta estivesse em um sistema neoliberal.
É nesse ponto que economia se mistura com política, e está ciência passa a cada vez mais se desapegar de números e gráficos para se apoiar em decisões humanas.
O sistema financeiro mundial vai ser regulado?
Mídia e política têm sempre visões, variadas, tendenciosas e polêmicas quando se trata de rumos tomados após uma crise, ainda mais depois de uma crise financeira com a de 2008.
Assim como papel do estado para a recuperação da economia dos Estados Unidos se torna cada vez mais necessária, é certo que se a administração anterior tivesse tomado uma posição mais reguladora quanto a oferta de crédito, tal crise financeira poderia ter sido evitada. Da mesma maneira, se o antigo presidente George W. Bush, tivesse medido as conseqüências da alta dos juros, que leva-se a crer foi subido sem uma avaliação prévia já que o presidente precisava de dinheiro rápido para o financiamento de sua desnecessária guerra contra o terror (LOBO, 2007), a crise também poderia ter sido evitada.
Oportunidades não faltaram. Se por um lado foi o neoliberalismo e a falta do Estado na economia que resultaram no cenário de 2008, também foi uma ação do Estado que a culminou. Portanto a regulação do sistema financeiro está sendo corrigida pelo mesmo sistema que antes deveria a ter evitado.
Diferente dos EUA, o Estado brasileiro conseguiu evitar os maiores impactos da crise (ALMEIDA, 2009). Após anos de programas de distribuição de renda e estimulando o consumo nacional, o fluxo econômico continuou a girar, evitando a recessão.
É com um programa parecido com o que o governo Lula promoveu durante se governo para o crescimento do Brasil nos últimos oito anos, que o presidente Barack Obama já regulou grande parte da economia americana (TERRA, 2009).
Já que o problema da crise foi a falta de dinheiro para o pagamento de dívidas, basta fornecer mecanismos para que o consumidor consiga maneiras de pagá-las. Injetando grandes quantidades de dinheiro na economia, entre elas em obras públicas, o Estado americano intervém para que o fluxo causado pela bolha volte a girar.
Essa oportunidade de intervenção do Estado faz com que, aos poucos, o mercado interno ganhe mais força e restabeleça também o mercado externo, além de poder ser o início de uma ação mais reguladora do Estado perante um governo, que mesmo com suas derrapadas históricas, insiste em continuar com o modelo econômico liberal.
Independente dos rumos que a economia americana e mundial vá tomar após a regularização completa de seus fluxos, é certo que o Estado em geral passará a ser mais cauteloso com as decisões econômicas que vai tomar. A não ser que esteja no comando insista em agir de forma irresponsável e individual.
Começada nos Estados Unidos e depois alastrada na Europa e em grande parte do mundo, a crise financeira teve origem no excesso de crédito fácil cedido aos consumidores americanos entre 2001 e 2004, principalmente no mercado imobiliário. Com grande oferta, facilidade de crédito e uma taxa de juros baixa, o cenário parecia o ideal para contrair dívidas a longo prazo, pois é, parece que esses consumidores não se planejaram tanto assim e o longo prazo chegou mais avassalador do que todos imaginaram.
Em 2005, o governo aumentou a taxa de juros no país para conter o alto consumo e tentar evitar a inflação, iniciando um efeito dominó gigantesco no país, atingindo, primeiramente, as famílias de baixa renda que haviam contraído dívidas e depois todo o país ao longo de três anos.
Com a alta dos preços provocada pelo aumento da taxa de juros, empresas e consumidores começaram a conter gastos. A indústria começou uma onda de desemprego. Sem um salário, os desempregados passaram a consumir menos e a não cumprir com a promessa de pagamento das dívidas contraídas entre 2001 e 2004.
Com a baixa do consumo, mais indústrias começaram a produzir menos, demitindo mais mão-de-obra. As prestadoras de serviço, sem ter a quem prestar serviços, seguiram o mesmo caminho e a situação interna parecia insustentável.
O cenário se agravou ainda mais quando as indústrias americanas, com menos necessidades de consumo, passaram a importar cada vez menos mercadorias, levando a crise, até então apenas americana, a todos os países do mundo.
O comércio internacional volta aos patamares antes da crise?
A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece (GRAMSCI, 1949).
Com todo o estrago provocado pela crise mundial de 2008, não são poucos os mais pessimistas quanto o cenário internacional. A mídia como um todo especulou muito sobre o futuro das relações internacionais mercadológicas entre Estados Unidos, Europa e os demais países afetados pela crise.
Muitos davam como certo um recesso mundial, mas os indícios que vem se notando depois de quase três anos do início da crise, é que o comércio internacional deve se reestruturar, mas diferente de antes, mais cauteloso e com uma visão mais global das finanças dos países a que a ele se relacionam.
O comércio voltar aos mesmos patamares do que era antes é não só uma manobra mercadológica, mas uma necessidade para muitas nações. Países como o Japão, que precisa da matéria-prima de terceiros para poder manter sua produção industrial, e países como a China, que exporta números absurdos de produção, precisam que o fluxo econômico internacional recupere seu antigo patamar para que sua economia volte a se estabilizar.
Assim, o Estado de todos os países, principalmente o governo americano, deve guiar consumidores e indústrias para que o mercado recupere seu fôlego, mas deve se atentar para as facilidades que bancos e outras instituições financeiras dão para o crédito aos consumidores, pois essa já se mostrou um sintoma de armadilha de nível mundial.
Essa intervenção estatal, tanto criticada por neo-clássicos, não pode ser considerada como a solução para todos os problemas da economia mundial, mas sua atuação no momento se faz severamente necessária. Apesar de termos exemplos clássicos onde o Estado não cumpriu muito bem sua função reguladora da economia, como na antiga União Soviética (ROTHSCHILD, 1986), podemos observar, historicamente, que o mercado por si só não consegue se regular (GÓIS, 1999), seja observando o sistema liberal próxima da crise de 1929, seja observando o neoliberalismo dos EUA antes da crise financeira de 2008.
Visto isto, a visão Keyenesiana do papel fundamental do Estado na economia (KEYNES, 1936) é extremamente válida, mas deve-se atentar para quem são os homens que realizam tal intervenção, para que as escolhas tomadas por tais homens de Estado não prejudique mais a nação do que se esta estivesse em um sistema neoliberal.
É nesse ponto que economia se mistura com política, e está ciência passa a cada vez mais se desapegar de números e gráficos para se apoiar em decisões humanas.
O sistema financeiro mundial vai ser regulado?
Mídia e política têm sempre visões, variadas, tendenciosas e polêmicas quando se trata de rumos tomados após uma crise, ainda mais depois de uma crise financeira com a de 2008.
Assim como papel do estado para a recuperação da economia dos Estados Unidos se torna cada vez mais necessária, é certo que se a administração anterior tivesse tomado uma posição mais reguladora quanto a oferta de crédito, tal crise financeira poderia ter sido evitada. Da mesma maneira, se o antigo presidente George W. Bush, tivesse medido as conseqüências da alta dos juros, que leva-se a crer foi subido sem uma avaliação prévia já que o presidente precisava de dinheiro rápido para o financiamento de sua desnecessária guerra contra o terror (LOBO, 2007), a crise também poderia ter sido evitada.
Oportunidades não faltaram. Se por um lado foi o neoliberalismo e a falta do Estado na economia que resultaram no cenário de 2008, também foi uma ação do Estado que a culminou. Portanto a regulação do sistema financeiro está sendo corrigida pelo mesmo sistema que antes deveria a ter evitado.
Diferente dos EUA, o Estado brasileiro conseguiu evitar os maiores impactos da crise (ALMEIDA, 2009). Após anos de programas de distribuição de renda e estimulando o consumo nacional, o fluxo econômico continuou a girar, evitando a recessão.
É com um programa parecido com o que o governo Lula promoveu durante se governo para o crescimento do Brasil nos últimos oito anos, que o presidente Barack Obama já regulou grande parte da economia americana (TERRA, 2009).
Já que o problema da crise foi a falta de dinheiro para o pagamento de dívidas, basta fornecer mecanismos para que o consumidor consiga maneiras de pagá-las. Injetando grandes quantidades de dinheiro na economia, entre elas em obras públicas, o Estado americano intervém para que o fluxo causado pela bolha volte a girar.
Essa oportunidade de intervenção do Estado faz com que, aos poucos, o mercado interno ganhe mais força e restabeleça também o mercado externo, além de poder ser o início de uma ação mais reguladora do Estado perante um governo, que mesmo com suas derrapadas históricas, insiste em continuar com o modelo econômico liberal.
Independente dos rumos que a economia americana e mundial vá tomar após a regularização completa de seus fluxos, é certo que o Estado em geral passará a ser mais cauteloso com as decisões econômicas que vai tomar. A não ser que esteja no comando insista em agir de forma irresponsável e individual.
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